domingo, 22 de julho de 2012

Clown moth!

Atlantarctia tigrina (Erebidae, Arctiinae)
Bragança, Portugal.
Maio 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

pela Andaluzia em Julho

A Andaluzia é a região autónoma mais a sul de Espanha e a segunda maior em área e população, mais de 8 milhões de pessoas.
Aqui também podemos encontrar uma das maiores concentrações de espécies em toda a Europa. É que a Andaluzia encontra-se apenas separada de África por 14km de estreito de Gibraltar, possui uma imensamente variada topografia, geologia e clima e poderemos encontrar desde zonas de clima subtropical seco (em Almería chovem menos de 300mm anualmente, o local mais seco da Europa) a bosques sub-húmidos de abetos (em Grazalema) ou pradarias criófilas alpinas na Serra Nevada, passando por todos os estádios intermédios. Aqui existem espécies típicas de climas mais frios que encontram refúgio nas serras, principalmente da cordilheira a sul da falha do rio Guadalquivir mas também espécies que têm a sua origem ou grosso da distribuição no norte de África!

Ora bem, quanto às borboletas esta vasta região é uma das mais importantes a nível Europeu tanto pelo número de espécies como (e principalmente) pelas espécies que aqui ocorrem mas em mais nenhum outro lugar. É que apesar de tudo as suas montanhas estão isoladas da maioria das outras na Europa. O sistema central está mais perto dos Pirinéus, estes da cordilheira cantábrica mas também do maciço central francês e dos Alpes e dos Cárpatos e do Cáucaso... mas as serras Nevada, Maria, Filabres, Cazorla, Sagra, etc. estão de facto isoladas por terras bem quentes e secas... Nem nos máximos glaciais (em que fez consideravelmente mais frio) haveria uma grande continuidade para as zonas favoráveis europeias. Isto proporcionou que o que tivesse lá chegado, ali evoluísse em franco isolamento, tudo é aqui ligeiramente diferente do que existe pela Europa fora... e muitas vezes partilha mesmo mais afinidades com as espécies nas montanhas do norte de África! É uma zona fantástica que importa preservar.

No inicio de Julho tive a oportunidade de fazer um raide de 7 dias pela Andaluzia e assim fotografar algumas das suas borboletas especiais. Não consegui ver muitas delas mas cá ficam algumas:

A zona do cume da Sierra Nevada é agreste e por estar coberta de neve 8 meses por ano a sua  biodiversidade rica em endemismos apenas mostra o seu esplendor entre Junho e Agosto. Aqui o Pico Veleta, com mais de 3000m de altitude. Nos matos baixos psico-xerófilos crio-oromediterrânicos podemos encontrar algumas espécies endémicas como Polyommatus golgus, Erebia hispania ou Parnassius apollo nevadensis.

Polyommatus golgus - endémica do topo da Serra Nevaa, afim à Europeia P. dorylas.


Erebia hispania - outra endémica que aqui podemos encontrar na Sierra Nevada. Espécie afim à Alpina Erebia cassioides. Se na faqce superior é bastante colorida e se evidenciam os ocelos, na face inferior confunde-se perfeitamente com o substrato de xistos pré-Câmbricos do topo da serra.

Coenonympha dorus - Espécie omnipresente durante a minha viagem pela Andaluzia em zonas de bosque mediterrânico algo sombrio e pedregoso. Em comparação com as do oeste da península, os ocelos destas eram enormes!

Zygaena trifolii - apenas encontrei esta espécie nas nascentes e prados húmidos acima dos 1400m na Sierra Nevada, já que é uma espécie higrófila.

Nas escassas zonas húmidas juntava-se um grande número de borboletas, entre as quais a quase omnipresente Melanargia lachesis

E a Aricia montensis, uma espécie de montanha do complexo da Aricia artaxerxes que facilmente confundimos com a Aricia cramera, mais pequena e de asas menos afiladas.


Já na província de Almeria, em ambiente muitissimo mais seco e de carácter subtropical é impossível não comparar estas pastagens dominadas por Stipa tenacissima e Zizyphus lotus a muitas zonas que encontramos em Marrocos. De facto é aqui que encontramos por exemplo a Tarucus theophrastus, uma espécie africana que tem nesta zona e regiões colindantes o seu único habitat europeu.

Tarucus theophrastus - espécie norte-africana que na Península Ibérica está limitada às zonas mais secas do sudeste.

Aqui também é onde ocorre um endemismo interessante, a cigarra Tettigettalna helianthemi helianthemi.